Em 2018, um estudo realizado pela agência de recrutamento Kelly Services já mostrava que em média 31% dos profissionais ao redor do mundo estavam ou gostariam de estar trabalhando como freelancers.
A Rock Content, empresa de referência na área, realiza um levantamento anual sobre o mercado, e em 2019 contou com a participação de 4.290 profissionais para traçar um perfil do freelancer brasileiro – 72% já atuam na área, e os outros 28% estavam planejando iniciar essa carreira.
Com as mudanças ocorridas em 2020, é difícil imaginar que os números não tenham crescido.
Entre as 3086 pessoas que já são freelas, o recorte geracional é claro: 65% dos participantes se encaixam entre os chamados Millennials, de 27 a 42 anos.
Esse grupo não só aproveita as mudanças nas tecnologias, processos e ferramentas que permitiram o crescimento do mercado freelancer, como também foram responsáveis por muitas delas.
É importante destacar que isso não impede a entrada de profissionais com mais tempo de trabalho no mercado freelancer. Aliás, a experiência pode ser usada como um diferencial, para conquistar clientes que não queiram se arriscar com freelas mais novos.
Chama atenção o nível educacional apontado pelos entrevistados – 40,3% contam com pelo menos uma graduação completa e outros 29,7% estão cursando ou concluíram a pós-graduação. Apenas 6,9% dos participantes não esteve ou está matriculado no ensino superior.
Tais respostas evidenciam uma realidade comum no mercado profissional como um todo, e uma das principais razões para que cada vez mais pessoas se tornem freelas: boas qualificações simplesmente não garantem bons empregos.
Quanto à formação dos freelancers, há uma predominância clara nas áreas ligadas à comunicação, com Jornalismo, Publicidade & Propaganda, Comunicação Social e Letras somando 48,6% dos entrevistados.
Administração de Empresas aparece em quinto lugar, com 6,6%. Entre todas as pessoas com graduação, 38% afirmaram estar trabalhando em setores diferentes do que se formou.
Podemos apontar mudanças nas tecnologias e nas relações de trabalho como possíveis responsáveis por este dado, possibilitando carreiras que até então não estavam no radar – ao aprender algo novo através de um curso online, ou produzir conteúdos sobre a área em que se formou, por exemplo.
A produção de conteúdo, aliás, é o grande destaque entre as profissões exercidas, abarcando 21,6% dos entrevistados. O top 5 de carreiras freelancer segue com:
● 15,1% em Marketing Digital;
● 14,9% em Mídias Sociais;
● 11,1% em Design e Criação;
● 8,5% em Comunicação e Jornalismo.
Vale apontar que muitos freelas trabalham com mais de uma função, e as respostas consideram apenas sua atividade principal.
Ah, e o dinheiro?
A receita média dos participantes foi de R$ 1.743,58 por mês, cerca de 75% maior do que o salário mínimo, que foi de R$ 998,00 no ano. O valor também representa um aumento considerável em relação aos R$ 1434,11 relatados na amostra de 2018.
Um terço dos entrevistados afirmou trabalhar como freelancer em tempo integral, e 39% garantem viver de freela, tendo essa atividade como sua única fonte de renda e levantando um argumento contrário à ideia de que não ela não pode sustentar uma carreira.
A satisfação apontada é indiscutível – 8 em cada 10 freelancers responderam que pretendem continuar atuando na área, e 3 em cada 10 não deixariam esse modelo de trabalho caso recebessem uma proposta
de emprego formal.
Por fim, a pesquisa confirma um crescimento na carreira ao longo dos últimos anos, com 52,4% dos participantes relatando menos de dois anos de experiência enquanto freelancers, e somente 19% afirmando trabalhar a mais de 5 anos na área.